quinta-feira, fevereiro 28, 2008

do lado de dentro do filme

Se eu passar e ver um incêndio (ou mesmo ver o mesmo na televisão, o que seria ligeiramente mais provável) e descobrir que tem um casal no último andar (tipo o 6º, nada muito exagerado) eu diria, ou gritaria, ou pensaria (o que é ligeiramente mais provável) “lança a criança para o bombeiro!”, como aliás aconteceu (e foi noticiado, por isso que eu sei que aconteceu, não foi algo perto da minha casa) dia desses (e vejam vocês, foi noticiado - a coisa é rara).

Eu teria feito o mesmo.

Na teoria, mas se eu tivesse lá ia ser ruim de eu defenestrar um filho. Imagina olhar a carinha dele. Talvez pulasse eu e quando chegasse lá embaixo tocava ele para cima p/ algum bombeiro pegar, ou mirava um bombeiro especificamente. Ou o seguraria para cima durante a queda a fim de amortecer durante o choque.

A paixão da vida de alguém (conhecido como amor da sua vida) casar-se-á com outro. O outro, ou seja, o que não é o outro, o original, o verdadeiro amor, entra na igreja e “comenta” de modo muito influente os dizeres “se alguém tiver alguma coisa contra esse matrimônio que fala agora ou cala-se para sempre”.
Você, assistindo, fala “é isso!” (ou “yes”, se você for americano, ou metido a americano, ou até mesmo idiota).

Eu teria feito o mesmo (se o roteiro da novela me orientasse a isso).

Pois imagine a mesma situação. Na vida real, esqueci de dizer. É brabo de alguém fazer isso, deixar chegar a esse ponto e esquecer de desistir no último minuto.
Coragem é (inclusive eu farei uma série com isso, do tipo das figurinhas “amar é”...) esquecer de desistir.

Coragem é cumprir um certo previsível, um previsível simples, até óbvio.
A coragem é óbvia, mas não é fácil.
Pode pôr a música-tema da abertura de Irmãos Coragem (irmãos, é preciso coragem...) na vitrola que lá vai mais um exemplo, aliás, um lema para mim (sim, senhoras e senhores, eis uma máxima minha):

coragem é viver como se estivesse no lado de dentro do filme.

5 comentários:

layla lauar disse...

Gostei muito da crônica. Coragem... só sabemos se temos, quando enfrentamos alguma situação que a exija, no mais, quando é outro a enfrentá-la, sempre dizemos ter a coragem que gostaríamos de ter.

(adorei seu poema Nudez, de um erotismo delicado, mas que arrepia a pele).

beijos

Germano Viana Xavier disse...

Olá!

Passei por aqui...
Gostei do blog...

Abraços pernambucanbaianos...

Germano
www.clubedecarteado.blogspot.com

Mônica disse...

interromper a cerimônia será coragem ou covardia? tenho tanto medo de chegar esse dia.

João Grando disse...

Mônica,
lutar pelo o que é seu, é coragem; lutar pelo o que não é seu, é roubo.
Mas não é tão simples.
É simples aqui, nas letras,
mas considerando as dimensões das coisas...
Mas achei sua pergunta bonita, pois no fundo ela não pergunta mesmo, mas comenta perfeitamente o texto, a dualidade dessa questão do que é coragem, do que é covardia travestidade de coragem.
A Layla meio que falou como sair dessa, só sabemos se temos, pois acho que é uma sensação verdadeira, sei lá.
A dúvida segue mesmo assim, perdoa-me o clichê, mas isso acho que só corações respondem.
E o poema,
Layla, veio-me nu desde o começo.
BJoão e Grando abraço p/ as duas.

Germano Pernambucanbaiano, visitarei seu blog. Abraço.

Anônimo disse...

Oi João,
Tudo bem?
Ti achei, lendario João hein.
Tem até blogger, e blabla
Gostei!
Ve se manda noticia o Jacaré
Bjus

Daiane Schmidt